"Itard estava convicto - como ainda hoje a psicologia e, portanto, também a pedagogia - de que se aprende a falar graças à imitação. Esta garante a duplicação da fala modelo do adulto, bem como o fechamento do universo discursivo. No entanto, aí onde a imitação entranha a duplicação do mesmo, Freud colocou em operação da identificação e, portanto, o desdobramento da diferença. [...]
[...] Enquanto a imitação não pressupõe perda alguma, a identificação não é sem perda. Ela entranha uma diferença. A criança conquista um lugar, mas algo se perde, pois o lugar não é exatamente aquele reservado no fantasma adulto. Isso que se perde é um pouco de gozo [...] que escorrega entre o pequeno sujeito e o Outro. Se assim não fosse, a criança ficaria condenada à duplicação da mensagem adulta, ou a repetir em eco o seu próprio nome, isto é, a se chamar em terceira pessoa, reduplicando, assim, o seu nome 'tomado' do Outro."
Lajonquière, Leandro de. Figuras do infantil: a psicanálise na vida cotidiana com as crianças. Editora Vozes: Rio de Janeiro, 2010. p. 159-160.
sábado, 24 de setembro de 2011
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